Segundo os últimos dados do projecto europeu «Mobile Energy Resources in Grids of Electricity» (MERGE), estima-se que, desde 2010, se tenham vendido 231 carros eléctricos em Portugal até Fevereiro passado e a falta de confiança dos condutores é o maior entrave à massificação deste tipo de veículo. O projecto MERGE é liderado cientificamente pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC-TEC) e ficou concluído em Março de 2012.
Segundo João Peças-Lopes, na direcção do instituto e um dos responsáveis pelo Merge, “se as pessoas saem de casa, andam 120 quilómetros, ficam sem bateria e tiverem de esperar entre quatro a seis horas para carregarem o automóvel, é natural que vejam inconvenientes”.
O investigador do INESC-TEC refere ainda que a massificação da mobilidade eléctrica depende da “mudança de hábito” dos consumidores, já que têm de esperar pelo carregamento do veículo. No entanto, Peças Lopes anui que este tipo de carro é uma boa alternativa “para curtas distâncias e para quem faz poucas viagens”, já que exige um carregamento a cada 100 ou 120 quilómetros.
Actualmente, a rede de carregamento público conta com 1026 postos de abastecimento em Portugal e o carregamento dos veículos eléctricos deve ser feito preferencialmente durante a noite (entre a meia noite e as 6h).
Depois de determinar que em 2020 apenas dois por cento da frota automóvel portuguesa será eléctrica, o INESC TEC (INESC Tecnologia e Ciência) conclui agora que o maior desafio para a venda em massa dos veículos eléctricos consiste em conquistar a confiança dos consumidores.
Nos próximos dez anos, as baterias dos veículos eléctricos serão carregadas preferencialmente nas casas dos consumidores, ou na sua proximidade, ou em áreas privadas (como é o caso de centros comerciais e de parques de estacionamento privados). Para tal, apenas necessitarão de instalar o sistema, que “não é dispendioso”. No entanto, o investigador do INESC-TEC recorda que “já é possível fazê-lo”.
Vantagens/desvantagens
É, contudo, possível recorrer-se a carregamentos especiais de dez a 15 minutos, de 100 em 100 quilómetros, fazendo várias paragens - o que será inconveniente no caso de efectuar uma longa viagem.
Apesar destas desvantagens de autonomia, existem “benefícios financeiros associadas", já que “fazer 100 quilómetros num veiculo convencional custa entre quatro a cinco vezes mais, embora se tenha de fazer um investimento inicial superior (30 por cento)”, recordou.
O MERGE é um projecto de investigação, com financiamento da União Europeia, que se propõe a preparar o sistema eléctrico europeu para a massificação da utilização de veículos automóveis eléctricos. O objectivo é identificar as soluções de futuro para esta massificação, tais como a robustez de exploração, o sistema de rede eléctrica, desperdício de energia, estabilidade do sistema, entre outros pontos.
Ciencia Hoje